"A Arte de Roubar" de Leonel Vieira (por: Ana Carrilho)

O realizador Leonel Vieira reproduz de forma semelhante cenas que conhecemos dos filmes de Tarantino, Rodriguez e Guy Ritchie, também algumas semelhanças exageradamente comicas com Cohen respectivamente às personagens. Muitas das vezes as cenas comicas são realmente despropositadas , mas foram meticulosamente adaptadas aos momentos. Este filme de Leonel Vieira, surpreende por ser ao estilo americano, e em ser muito ambicioso, aspirando a filmes de série B. A ideia de Leonel Vieira, havia sido fazer um filme inspirado em Tarantino, logo o objectivo foi cumprido. Para além de estilos cénicos, diálogos e banda sonora semelhantes a Tarantino, é curiosa a exposição a Van Gogh, com a cena da orelha cortada. Quanto ao idioma inglês, não significa que Leonel Vieira tenha vergonha do nosso país, mas ele teve intenção de uma partilha e distribuição para fora e claramente a sua escolha facilitou-lhe isso. No entanto o filme também funcionava caso o idioma fosse o nosso, porque é do interesse de todos a promoção da nossa língua e cultura. O argumento bem escrito de João Quadros e Roberto Santiago cumpre em provocar risos e entretenimento com diálogos rápidos como se não houvesse amanhã, a comédia negra e nonsense, mas não deixam de ser clichés. Os planos e a fotografia também foram bem estudados e tornam os cenários bastante arrojados, viajamos até paisagens num estado norte americano. A música presente de Dead Combo e Legendary Tiggerman é ingrediente principal. Todos estes elementos e a ambição do realizador juntamente com a sua astúcia consegue criar a sua "obra prima" despretenciosa com o objectivo de ser essencialmente guilty pleasure, e quebra de certa maneira com os preconceitos que os portugueses têm em relação ao cinema nacional.