"Como Desenhar Um Círculo Perfeito" de Marco Martins (por: Ana Carrilho)
"Como Desenhar um Circulo Perfeito", é um filme intensamente dramático, íntimo, imerso num universo fechado inocente e claustrofóbico. Prende o espectador pela atmosfera visual e dimensão doentia e emotiva das personagens.
Os jovens actores e irmãos no filme, Morais( Guilherme)e De Verona(Sofia) brilham num cenário invernoso, oferecem nos uma interpretação arrebatadora. Sofia tem uma presença rebelde ao contrário de Guilherme que assume uma personagem tímida e retraída com uma obsessão. Vivem ambos num ambiente desestruturado, no seio de uma família disfuncional.
A mãe, Beatriz Batarda, vive de negócios obscuros e está grande parte do tempo ausente do ambiente familiar. O pai, Daniel Duval, um escritor francês, solitário,ocupado com a sua obsessão em terminar a sua obra, reside num espaço decrépito.
Ambos os irmãos sentem-se emocionalmente fragilizados. Sofia tem uma presença rebelde ao contrário de Guilherme que assume uma personagem tímida e retraída com a obsessão e sentimento anti-natura pela irmã. Este sentimento lhe causa um enorme sofrimento de forma íntima e silenciosa. Guilherme imerso numa melancolia, insiste perversamente em relacionar-se com a irmã. Ambos são jovens e estão a presentear-nos com a exploração das emoções. Ouvem antigos artistas franceses em gira discos velhos e grafanolas e assistem a filmes do tempo da Nova Vaga e ambos sabem desenhar um circulo perfeito.
Este circulo é simbólico da relação destes dois irmãos, do universo onde residem perversamente perfeitos.
O filme prende-nos também pela conjugação de imagens e som, ambos são peças importantes do mesmo puzzle. De alguma forma dialogam entre elas. Bernardo Sasseti é o ilustre artista convidado para compor a musicalidade no filme.