"É consideravelmente admirável da tua parte que ainda penses em mim como se aqui estivesse" (por: Ana Carrilho)

"É consideravelmente admirável da tua parte que ainda penses em mim como se aqui estivesse" Podiam ser estas as palavras de Syd Barret, ex músico dos Pink Floyd, agradecendo a homenagem destes artistas, finalistas do curso de cinema da Universidade Lusófona. Esta curta vencedora do prémio melhor curta de 2013 da Universidade Lusófona, conta com uma admiravel homenagem a este génio da música que trouxe à banda Pink Floyd uma fase psicadélica, provocante e extravagante. Podemos assistir na curta a momentos extravagantes e psicadélicos, espelho da sua personalidade, como a cena em que uma mulher desnuda surge, aproxima-se dele e começam a cair confetis vindos não sabemos de onde. Faz lembrar a loucura do cineasta Kubrick em Laranja Mecânica. Syd vitima de esquizofrenia, agravando por excesso de alcool e drogas, fundou os Pink Floyd que é uma banda internacionalmente conhecida e respeitada. Porém Syd Barret é um nome discreto na história do rock inglês, quando devia ser honrado, admiravelmente o que fizeram estes alunos da Universidade Lusófona. Esta curta não é só sobre uma história deste músico também fala de ausência, da saudade que as pessoas nos fazem sentir quando deixamos de estar com elas, como para esta personagem Zé é estar sem ver a filha ou a relação ausente com o pai. O actor Diego Armés, que deu corpo ao músico , inquieta-nos com o seu desalento e desmotivação com tentativas falhadas a construir uma guitarra, que nos aproxima da experiência de Syd com tentativas falhadas a tentar compor e a ser entendido com as suas melodias. A viver num cenário deprimido e vazio, a sentir-se inútil, com algumas nuances de apatia. Com indiferença a deambular pela casa desarrumada, comer e dormir, incapaz de fazer nada e com raiva por estar a ser dominado por essa apatia e inércia. Descuidado da sua aparência visual o que lhe permite isolar-se e não sair à rua, mas curiosamente sente-se confortável com a companhia imaginária e com o seu manager que não o deixa voltar até ele recuperar a estabilidade emocional, interpretado pelo actor Ricardo Carriço. Com iluminação naturalista por Miguel Saraiva e Bruno Mangas, inspirada em fotografias tiradas na epoca que Syd Barret viveu e composição musical de Tiago Galvão parece ter sido um desafio extravagante para estes artistas, como havia sido a personalidade de Syd. O final é marcado por um momento de euforia , um festim quase loucura , representado por uns quantos palhaços a lançarem confetis, a rodearem a personagem Zé sentado num cadeirão, juntamente com o seu agente, Ricardo Carriço. Os realizadores André Mendes e Andreia Neves escolheram ressuscitar o génio, ao contrário do que lhe aconteceu. Syd morre em 2006 e nunca mais se ouve falar nele.